O " Você sabe com quem está falando?" faz parte do universo do qual nos defendemos, remete à uma vertente indesejável, pois aciona o conflito e revela a autoridade embutida na cultura brasileira. O igualitarismo se choca com a hierarquia. O conflito é percebido como uma revolta que deve ser controlada e não como uma crise.
Somos uma sociedade que privilegia apenas alguns de seus aspectos, é voltada para tudo o que é cordial e universal ignorando o particular e o hierarquizado: gritamos o Carnaval e sussuramos o "Você sabe com quem está falando?".
O igualitarismo formal e legal precisa ficar submetido às formas de hierarquização e o "Você sabe com quem está falando?" é uma dessas formas. Os casos de uso da expressão revelam as estruturas ocultas que também governam as interações sociais. As regras universalizantes legitimam as desigualdades na medida em que são aplicáveis aos indivíduos e não às pessoas.
