segunda-feira, maio 24

Sem título!

Essa poesia é do Frei Beto. Eu a li no verso de um livro de sua autoria que não me lembro qual. Achei o máximo, procurei na internet e guardei! Bem, revirando algumas coisas pensei em torná-la mais útil - mesmo sabendo que poesia não exige utilidade -, pensei em dividí-la, em compartilhá-la!

Sem título
Primeiro, disseram que não haveria mais guerrilhas.
Acreditei e, com as botas, abandonei sonhos revolucionários.
Em seguida, disseram que terminara a luta armada.
Tornei-me, pois, violento pacifista.
Depois, disseram que a esquerda falira,
E fechei os olhos ao olhar dos pobres.
Enfim, disseram que o socialismo morrera,
E que uma palavra basta: democracia.
Então, nasceu em mim,
A liberdade de ser burguês.
Sem culpa.

quarta-feira, maio 5

Leu na Veja, azar o teu!

A revista fabricou descaradamente a declaração "Só é indio quem nasce, cresce e vive em um ambiente cultural original". É impossível de um ponto de vista antropológico (ou qualquer outro) determinar condições necessárias para alguém (uma pessoa ou uma coletivdade) "ser índio".
Não existem "ambientes culturais originais"; as culturas estão constantemente em transformação interna e em comunicação externa, e os dois processos são, via de regra, intimamente correlacionados. Não existe instrumento científico capaz de detectar quando uma cultura deixa de ser "original", nem quando um povo deixa de ser indígena. Ninguém vive no ambiente cultural onde nasceu. Em segundo lugar, o "ambiente cultural original" dos índios, admitindo-se que tal entidade exista, foi destruido meticulosamente durante cinco séculos, por epidemias, massacres, escravização, catequese e destruição ambiental. A seguirmos essa linha de raciocínio, não haveria mais índios no Brasil. Talvez seja isso que Veja queria dizer. Em terceiro lugar, a revista parte do pressuposto inteiramente injustificado de que "ser índio" é algo que remete ao passado; algo que só se pode ou continuar (a duras penas) a ser, ou deixar de ser. A idéia de que uma coletividade possa voltar a ser índia é propriamente impensável pelos autores da matéria e seus mentores intelectuais. Os bárbaros europeus da Idade Média voltaram a ser romanos e gregos ali pelo século XIV -- só que isso se chamou "Renascimento" e não "farra de antropólogos oportunistas".
"Alguns povos têm toda a sorte do mundo!" (Marshall Sahlins)
E o Brasil, será que temos toda a sorte do mundo? Será que o Brasil algum dia vai se tornar mesmo um grande Estados Unidos, como quer a Veja ? Será que teremos de viver em um ambiente cultural que não é aquele onde nascemos e crescemos?  Será que vamos deixar de ser brasileiros? Aliás, qual era mesmo nosso ambiente cultural original?





Por Eduardo Viveiros de Castro

segunda-feira, maio 3

Maio.


Maio! Finalmente Maio. Maio do trabalhador, maio das mães, maio das noivas, maio do fim de outono, maio de gêmeos, maio de Sta Rita. De 1° a 31! Maio é nostalgia, maio é meio do ano!